quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Renunciei aos congelados (dia 27)

A Erika comentou o meu post "Desligar o congelador (8º dia)" com estas observações:
«tem razão nos argumentos e tudo, mas quem trabalha e não tem tempo de fazer compras todos os dias precisa do congelador! Se não morrermos dos efeitos nos alimentos congelados, morremos de canseira, de loucura de querer fazer tudo "certo", de vivermos obcecados com tudo o que está no que comemos...?»

Compreendo os motivos da Erika mas discordo, há sempre opções, mesmo quase "obrigado" a não comer congelados não foi fácil ter de recusar convites, não poder entrar em quase nenhum restaurante, não ter sempre comida à mão...Acredito que o stress é muito mau conselheiro (da "fast food" como do "fast driving") e reparem como ele não é nada ecológico, quem sabe que ele seja a raiz de alguns dos nossos problemas. Estou cada vez mais adepto da "slow life" ou, como repete um meu amigo artista, "tá-se bem" ou "sem stress". Posso-me dar a esse luxo? Talvez, ou talvez seja mais uma questão de atitude. E com calma, vermos não as opções mais fáceis mas aquelas que nos fazem mais felizes e ao planeta também: li que um alimento congelado gasta 10 vezes mais energia que um fresco, não sei se é verdade, mas se ainda por cima nos tira energia (saúde), então é definitivamente um  mau negócio para a humanidade.
De certeza que a maioria de nós não fomos criados à base de congelados, ainda talvez não os rejeitemos, mas os nossos filhos, já pensamos no que podemos lhes estar a fazer? " A ausência de evidência não é igual à evidência da ausência", pelo que nos deviamos guiar pelo princípio da precaução. Como no caso das controversas mudanças climáticas. Ou do Armagedon que estamos a preparar com a destruição dos nossos recursos e poluição galopante.
Há sempre opções, sobretudo se revirmos toda a nossa alimentação. Sair do quadrado duma alimentação convencional dá trabalho, mas encontram-se soluções simples e saudáveis para quem é capaz de renunciar a algumas ideias feitas, de que somos omnívoros por natureza, que precisamos de competir com os bezerros senão os ossos quebram, de que sem fruta ficamos sem vitaminas... O círculo vicioso do congelado - microondas - fast food alimenta-se dessas ideias, que os médicos ajudam a propagar porque isso lhes dá bastantes clientes. Quase metade da população com sobrepeso, 1/4 diabética ou pré-diabética, o cancro a expandir, isso não vos faz soar as campaínhas de alarme? Não temos outra opção senão a de entrar neste suicídio colectivo? Talvez tenhamos.


Como na história da vaca,  a falsa segurança que o estado e a ciência que o apoia nos dá com uma alimentação desvitalizada mas asséptica, mantém-nos na mediocridade de vidas sem saúde nem energia. Será que fui atingido pela "loucura de querer fazer tudo certo", ao estar "obcecado com o que como"? Não quero fazer aqui o "elogio da loucura" mas "Não é o medo da loucura que nos forçará a largar a bandeira da imaginação" (André Breton).

3 comentários:

K disse...

Mais uma vez, digo-lhe que concordo com os seus argumentos, inclusive no que toca à cautela à falta de provas imediatas - tanto que, por exemplo, no campo das vacinas os meus filhos não tomaram, nem tomarão, todas as que o Estado nos impinge. Mas a verdade é que não é realmente possível - e não se trata de ter mais ou menos imaginação ou darmo-nos a mais ou menos trabalho - viver a "vida moderna", na cidade, a trabalhar num escritório, com filhos pequenos na escola, etc, etc, fugindo de tudo isso de que fala. As crianças comem na escola, nós comemos fora de casa, os nossos próprios horários não são os biológicos mas os impostos, nada é como deveria ser no Jardim do Eden, mas apenas o que se consegue, na melhor das hipóteses, hoje em dia. Se não, dê-me exemplos do que poderiam/deveriam ser os nossos almoços fora de casa e os jantares em casa e onde é que tinha tempo para os preparar como "deve ser". Grata.

Anónimo disse...

Concordo com o Sérgio na parte de que é possível encontrar alternativas e concordo com a Kya na parte de que quem come fora de casa tem a tarefa dificultada. Eu tenho a sorte de poder trazer comida caseira para o trabalho, mas só o faço porque o meu namorado me ajuda na preparação da comida (é ele quem cozinha lá em casa) e tem uma vida mais desafogada do que eu, porque pode ir a pé para o trabalho e chega a casa muito mais cedo. De qualquer maneira, isto exige uma grande preparação e capacidade organizativa. Se há uma semana mais desleixada e tenho de ir comer ao único restaurante que há na zona, arrependo-me logo: a comida é demasiado salgada, sabe muito a caldo Knorr, a única alternativa vegetariana é a salada mista e passo o dia a arrotar à comida...

Sergio disse...

Oi pessoal, só para dizer que apreciei os vossos comentários que agradeço. Respondendo à sugestão da Erika abri um tema no fórum dos Ecodesafios, "Como conseguir comer saudável com custos em tempo e dinheiro aceitáveis?". Espero que participem!

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